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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Caleidoscópio da Vida


Modernidade é ter 300 álbuns no MP3 (ou qualquer outro objeto tecnológico que está na "moda" hoje em dia e eu não consegui acompanhar). Modernidade é poder falar com seu amigo em outro país ou ver a pessoa que você tem afeto  que está a alguns quilômetros de distância pela web cam. 

I.
Mas infelizmente a modernidade se molda ao efêmero e tudo fica instântaneo demais. Hoje fui a Estação da Luz em São Paulo e parei por quinze - somente quinze - minutos para observar as pessoas que caminhavam e notei que grande parte delas mal se olham no rosto... Um gesto tão simples que não é feito. Percebi também quão difícil é ver um sorriso em seus lábios. Não as culpo, aliás, não me culpo, sou parte dessas pessoas também... Só observei isso agora porque tive tempo "sobrando". A um mês atrás eu não possuía tempo nem para dormir. 
Na Estação da Luz há poucos sorrisos. 
Na Estação da Luz há chegada e partida. 
Na Estação da Luz há um pedaço da vida.

II.
Caminhei por todas as demais ruas, em um amontoado de gente, seus passos entoando música urbana. Não havia verdade nem mentiras ali, só música urbana. E os mendigos na praça da Sé, são só vítima do sistema, são pessoas invisíveis. 
- Você possui dinheiro para ter onde morar? 
- Com o suor das horas do meus dias, eu possuo sim.
-Você possui dinheiro para se alimentar? 
- Na medida do possível.
- Toma aqui o seu diploma de cidadão! 
Nós somos o produto, quem produz e quem mantém a produção.

III.
No alto de uma ponte que não me recordo o nome eu pude quão intenso era o trânsito na grande São Paulo, mas este não me era novidade. Nada do que eu relatei agora não é novidade. Há carros demais na rua e pessoas solitárias dentro deles. 
Na rodoviária, um dos meus lugares favoritos de todas as cidades, pude me lembrar do sorriso mais bonito e uma saudade gostosa invadiu meu peito. O bom de ser humano é poder sentir na pele o que é isso. Sentir o coração acelerar por uma lembrança, por uma pessoa.

IV.
A paisagem na janela mostra que por mais que atualmente tudo seja rápido demais,
ainda há pessoas que se gostam, ainda há quem param para observar umas as outras, como os autores de alguns livros que eu já li, como pessoas que gostam de fotografar para salvar momentos bonitos do esquecimento, como alguém que está lendo esse texto e ainda tira alguns minutos do seu tempo para descobrir através das palavras o que se passa na cabeça de quem escreve.

Quero eu viver em um mundo onde pelo menos 30% das pessoas não só olhem a sua volta como enxerguem também. Quero eu ser uma dessas pessoas até meu cabelo ficar branco e e minha pele se encher de rugas.

Um comentário:

  1. O titulo deveria ser: cotidiano - o amor das pessoas está se esfriando.
    Ou o clichê de agora: Não exista amor em SP.
    Ouça Vulgue Tostoi: Robô. Se encaixa muito neste texto!

    PS: VOCÊ escreve MUITO bem pequena. Desconfio que qualquer coisa que escrevar, qualquer fique ruim.

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