Colocaram um saco de pão na minha cabeça.
No sentindo literal, claro... Que não.
Só sinto que estou sufocando todas minhas esperanças, e tudo
está se despedaçando aos poucos. Inclusive as coisas boas que eu achava ter
dentro de mim.
Eis que o relógio toca as seis da manhã, eu me reviro na
cama, reviro os olhos, reviro tudo, pra achar bem lá no fundo, a vontade de
levantar da cama. Encontro-a, toda sonolenta.
Coloco pra tocar uma música qualquer que na maioria das
vezes lembra nós. Essa mania que seres
humanos do tipo sanguíneo "sentimental ++" tipo eu, tem de ser
agarrar a tudo que aqueça o coração e remeta ao amor.
Trabalho mal humorada, com o meu lado político inquieto por
sentir que estou traindo todos os meus ideias me submetendo a um emprego que
reproduz tudo que eu não acredito. Ai eu
lembro das minhas contas e lembro que infelizmente vivemos em um sistema que
não me permite escolher o tempo todo onde quero trabalhar.
E a rotina se repete em escadas, café, crianças correndo,
desenhos bonitinhos, abraços aconchegantes, xerox para tirar, pressão
psicológica pra sentir e o ponteiro do relógio que demora para se deslocar.
(Eu queria conseguir chorar. Ou mandar tudo a merda e viver
da minha arte... OPA! Eu não tenho arte.)
Vou para casa, almoço, luto com todas as minhas células
pulsando pedindo para eu deitar na cama e dormir.
Demoro bastante pra chegar na Unicamp pra estudar, estudar,
estudar ou fingir que estou estudando (como agora).
E a rotina se repete entre escadas, árvores, as flores
bonitas da primavera no campus, sorriso de amigas, debate político, vontade de
ser abraçada.
(Eu quero chorar!)
Colocaram um saco de pão na minha cabeça e é como se ele se
apertasse lentamente a cada dia. Ou se transformasse em uma sacola plástica e
tirasse o ar...
D E V A G A R
D E V A G AAR
Sinto que não posso mais segurar certas coisas, sinto que
não consigo lidar com meus próprios sentimentos e isso é a pior das dores.
Não conseguir cuidar de si mesmo. É realmente a pior das
dores.
Então eu resolvi escrever! Pra ninguém ler, e pra ninguém
precisar ouvir.
Antes que eu não consiga mais suportar.
"Sou ao mesmo tempo a
minha melhor e pior companhia!
Dá vontade de escrever, te falar, sussurrar baixinho: não
solta da minha mão.
E ao contrário do que já, já vi fazerem e até já fiz, isso
não é uma queixa, é só um desabafo, do tipo, preciso me encontrar, pra não me
perder de nós.
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
.
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