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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Todos os Era(s) de Todas as Eras

Era uma vez uma menina que queria ser cronista de jornal e hoje não consegue escrever uma frase bem elaborada que não seja trabalho acadêmico...
Marcella, 1910, Ernst Ludwig Kirchner.

- Alô? Telefonista? Você topa jogar conversa fora?
Essa frase clichê que iniciaria um diálogo mais clichê ainda sempre passa na minha cabeça quando estou querendo conversar. Talvez passe na cabeça de muita gente, inclusive de quem já leu uma tirinha do Peanuts em que o Charlie Brown faz algo semelhante. 
Mas eu não teria coragem de fazer tal coisa. Talvez se eu abordasse alguém que estivesse sozinho na Unicamp seria muito mais proveitoso (ou não).
- Oi, meu nome é Lana, faço Pedagogia e gosto de suco de laranja... Vamos na cantina da física comer coxinha de quatro queijos? Eu sempre quis ir lá comer com alguém e nunca ninguém topou. 
Isso só aconteceria nas minhas crises de extroversão que acontecem no máximo uma vez por mês. Nos outros vinte e nove dias eu fujo até dos horários que o bandejão está lotado.
Pensei em ligar para um grande amigo, dizer que ele é um grande "píííí´" e que estou com saudade de ir a praças ouvir ele tocando violão e ficar falando da vida. Mas ultimamente ele tem estado tão ocupado quanto eu.
Ontem eu pensei em escrever uma carta para o meu pai, dizendo que ele vai morrer sem saber o que é família e que eu não queria estar no lugar dele. Mas eu não sou a favor de destribuir rancor. Eu estava chateada só por ter um vazio na minha vida quando o assunto "família" entra em pauta.
Nesse clima de escrever cartas (sim, cartas, nada de email), começaria destinando aos meus mortos lapidados na lembrança, mas seria um zero a esquerda, seria como servir sentimentos em bandeja de ouro para quem gosta de comer em pratinho de papelão. Optei a escrever pra quem eu magoei, mas de nada serviria pois não apagaria as pegadas de sujeira que deixei em seus livros dos dias. Sobrou quem eu tenho afeto desde quando eu era adolescente, mas é mais gostoso contar os causos da vida tomando cerveja ao som de uma banda qualquer. Pensei em ligar para aquele rapaz está em um lugar previlegiado do meu coração, mas eu não saberia explicar direito tudo que eu sinto por causa das cicatrizes interiores e ficaria aquele silêncio constrangedor, eu diria que o amo, ele diria que também e eu iria querer dizer um monte de coisas sentimentais que já estão tornando-se repetitivas porque eu derramo afeto desde a hora que eu acordo. Além disso ele está trabalhando...
Decidi escrever uma historia de amor em que duas pessoas se conhecem no metrô, decidem ir para um bar, descobrem que são "almas gêmeas", dançam Beatles até o dia clarear e depois fazem amor selvagemente em um hotel meia estrela na hora do café da manhã. Porém, meu "eu lírico" não está aflorado o suficiente pra "botar pra quebrar" na imaginação depois desses meses criando poeira no blog. (Traduzindo: estou com preguiça) Quem sabe um dia eu desenvolva essa história. Sugestões são bem vindas.
Pensei em um monte de coisas e sei muito bem a causa disso doutor: Eu tinha um futuro promissor inventado na cabeça e hoje eu não sei o que fazer. Às vezes dá vontade de gritar bem alto quando alguém me pergunta se eu estou gostando do curso "OLHA, EU AMO LETRAS, EU AMO LITERATURA, EU QUERO MORAR NO IEL, QUERO ESCREVER UM LIVRO, QUERO ESTUDAR AS PALAVRAS E NO MOMENTO EU ESTOU APRENDENDO COMO PENSAM AS CRIANÇAS E EU ESTOU FAZENDO TUDO ERRADO (!!!) e então eu sussurraria "me abraça" aos prantos. Mas acontece que essa frase só seria um pouco verdade, afinal, a Pedagogia tem me conquistado, só que eu sinto que estou me traindo deixando meu sonho de lado. Tenho a sensação de estar empurrando com a barriga minha carreira.
E aí surge a vontade de conversar, para desviar a atenção, mas eu não posso conversar e então eu escrevo. Mas escrevendo eu falo demais, tiro minha roupa, cuspo na sua tela quem eu sou sem a menor cerimônia. Eu queria ser misteriosa, mas por enquanto só dá pra ser eu mesma.
No final, sobrou esse monte de nada amontoado em palavras, destinado a ir para a gaveta  lugar dos temporáriamente esquecidos ou esse blog, que as aranhas já tomaram conta. Isso de despir os sentimentos em palavras para desconhecidos talvez me faça mal um dia. Hoje é a única solução.

Era uma vez é uma expressão que eu acho bem ruim. Nunca entendi muito bem e nunca soou bonito. 

Lana era uma menina que queria ser cronista de jornal e hoje está lutando para sair do hiato criativo e voltar a escrever. Bem melhor, não?


2 comentários:

  1. Meu sonho também é Letras mas me vejo definhando por Jornalismo. Daí imaginei te ler em uma coluna de Jornal e sorri, porque eu iria amar... Até em momentos de bloqueios você consegue usar as palavras de maneira encantadora. Invejo seu jeitinho de expressar, tu sabe usar as palavras certas, é de cativar qualquer um... Não para de escrever não, deixa saudades, te acompanho desde os meus 12/13 anos e agora tenho 15. Não para não, eu sinto saudades. :')

    "O que você quer ser quando crescer filha?", "Quero ser igual a Lana."

    Beijo de sua eterna leitora, @lovlovemedo

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