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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não se cresce sem sentir

O tímido raio de sol adentrava o quarto, clareando-o levemente. Eu sabia que eu permaneceria ali, naquele local até os raios de sol ganharem mais vida, e esperaria o mesmo ganhar uma tonalidade alaranjada, e se pôr. Era realmente o que eu queria. Geralmente quando você espera muito que uma coisa aconteça, quando ela acontece realmente, você não quer que ela acabe. Eu por exemplo, gasto muito tempo pensando em como vai ser quando aquele momento acabar; acabo deixando de aproveitar o que realmente importa. Portanto desta vez - não penso - apenas sinto o doce perfume que exala da pele dele. Pra mim ele tem um perfume único, acho que com todo mundo é assim, quando a gente gosta realmente de alguém enxerga um monte de coisas. E não importa se isso seja realmente verdade ou não, o que importa é o que aquilo te faz sentir. E a sensação de aconchego? Era tão boa que eu repetia á mim mesma que logo essa cena se repetiria. Não acredito em felizes para sempre. Sempre é muito tempo não acha? Talvez alguns bons anos. Vejo aqueles casais de pessoas idosas e... Francamente! Eles são meus ídolos. Conseguir manter um relacionamento com uma pessoa por muito tempo é complicado, no começo tudo são flores, como dizem os muitos ditados clichês por aí. Mas e quando começa a intimidade? A invasão de privacidade? Eu abomino só a pronúncia dessas palavras. Começou a me controlar muito eu dou o fora. Não acho que exista amor que resista á muita opressão, o seres humanos - quase todos - tem fome de vida, de coisas novas. E não adianta bancar o seguro (a) não! Uma hora você vai ver que mudou o modo de pensar, de agir, e quer conhecer gente nova, que pense como você.
Eu parei para prestar atenção em todas as coisas que ele tinha no quarto dele. Revistas, revista Veja sabe? Livros sobre astronomia, e ficção científica (cujo os mesmos eu já havia lido pelo menos cinco vezes), um maço de cigarro quase vazio (hum... ele morrerá cedo, e tenho dito), algumas fotos polaroid dele e de uma menina (magra, branquela, com os olhos pequenos e míopes... eu!), um all star vermelho. Esse all star me trás lembranças, ele tem ele desde que nos conhecemos, e isso já faz três anos. Toda vez que eu o via, olhava para os pés dele, eu não tinha muita coragem de olhá-lo nos olhos, o modo como ele me olha é tão profundo, que parece ler toda minha alma. Quando a gente conversava, ele vinha com aqueles papos "cult" dele, e quando eu não sabia do que se tratava, ria de mim, mas eu não ligo pra isso. Eu até gostava. E eu gostei dele nesses três anos. Eu não sei se posso dizer se o amava, ou mesmo se o amo, já li tanta coisa sobre isso que nem sei dizer mais o que a palavra amor significa. Mas eu gosto dele, á se gosto... E ele também gosta de mim, mas nós sempre tivemos um pouco de medo.
Não, na realidade eu sempre tive medo. Eu sou absolutamente medrosa quando se trata de relacionamentos. Havia dias que a gente ficava sem se falar. E ele era orgulhoso - aliás, ele é - não ligava também. Mas chegava uma hora que a saudade apertava e eu tava ali, ligando pra ele, e quando ele não atendia eu tinha crises, me entupia de café e ficava lendo revistas Veja só pra ver se da próxima vez que a gente se visse, eu teria algo pra falar com ele. E no final de tantas crises, a gente sempre ficava junto. E hoje, exatamente hoje, faz três anos que o conheci naquela livraria. Acho que com dezenove anos eu posso tentar ao menos ser mais madura, e ficar ao lado dele, acreditar; não dizem que essa palavra é a chave de tudo? Pois então. E eu estou aqui, na cama dele, debruçada sobre seu peito, e eu posso ouvir seu coração, posso sentir seu cheiro, o toque dele sobre minha pele, posso observar os traços da personalidade dele espalhados pelo quarto, e posso ver o quanto eu sou burra quando tento ficar longe dele. Não que eu ache que ele é tudo que eu procurava, eu não acredito nisso - não acredito em quase nada - mas ele tem algo que vale muito mais que tudo isso, o meu coração. E eu tenho pelo menos mais uma hora pra ficar aqui conversando com os meus botões (como diz minha mãe) enquanto ele não acorda. E quando ele acordar, como eu deixei bem claro no inicio desse texto um tanto desimportante (cuja o mesmo eu espero que lhe passe algo bom) eu irei aproveitar, a vida é realmente feita de momentos.

Vou pedir o café pra nós dois, te fazer um carinho e depois te envolver em meus braços. Na desordem do quarto esperar, lentamente você despertar e te amar na manhã.

8 comentários:

  1. Nossa, faz um tempão q eu naum venho aqui... eu costumava vir quando comecei a seguir...
    Confesso q nao li pq esse texto é grande e tal. mas voltarei com tempo e lerei... beijos fofa!

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  2. Lindo texto, muito fofo seu espaço!!

    beijos e boa terça!!!

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  3. hm, não vou dizer que acredito na perfeição. :)
    mas eu espero o melhor das pessoas. sempre espero.
    talvez esse seja o meu mal.
    ou não. quem sabe? xD

    AMEEI aqui *-*
    lay MUITO lesgal :D

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  4. Nossa! Que texto lindo! Fiquei emocionada com as tuas palavras, teu blog é muito acolhedor. Beijos!

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  5. Own, primeiramente, preciso comentar sobre o design do blog. Não sei se você fez tudo (porque eu particularmente não sei nada sobre HTML!), mas enfim, achei tudo muito fofo e bem colocado!

    Agora sobre o texto, além de você escrever super bem - o que eu sempre falo -, você transforma coisas tão simples em um bom momento de reflexão. Não posso comentar nada do amor, mas conheço um pouco sobre relacionamentos e se formos desejar o 'para sempre' com cada pessoa que passa para nossa vida, não iamos aguentar mais quando caisse na mesmisse e ficariamos doidos por novas pessoas. Estes momentos são experiências e aprendemos com várias pessoas e algum dia, escolheremos apenas uma pessoa como professor e ficaremos com ela, descobrindo o novo e o velho.

    Enfim, que comentário gigante! Mas resumidamente, é isso: Blog lindo, texto lindo! :)

    Besitos.

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  6. Não sei direito falar de amor, mas confesso que me senti atraída e identificada em partes.

    Gostei muito da maneira que você escreve. Vou voltar aqui mais vezes :)

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  7. Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que haja falta de amor. (Vladimir Maiakovski)


    Nos permitirmos não é o mesmo que tolerar tudo.

    Estranho e ao mesmo tempo encantador ver uma pessoa como vc descrevendo cada situação de forma minuciosa e, ao fim, dizer que tem medo qnd se trata de relacionamentos.

    Vc é sensacional no que escreve e nos descreve. Parabéns!

    Forte abraço.

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